quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A BARBÁRIE DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO MANTÉM TODA A SUA FORÇA

Exército soviético entrou em Auschwitz há 71 anos

A 27 de janeiro de 1945 o exército soviético libertava os prisioneiros do maior campo de concentração alemão.
Esta quarta-feira, alguns sobreviventes regressaram a Auschwitz para assinalar a data. Um aniversário marcado por memórias que nem o tempo ajuda a apagar.
“Vivi o inferno na terra, fico assustada só de falar. Vi a morte, a dor e o sofrimento” refere uma sobrevivente.
Outro acrescenta: “As chamas das chaminés dos crematórios estão gravadas nos olhos de todos aqueles que assistiram. A mim marcou-me, especialmente, porque tinha 15 anos de idade.”
Flores e velas foram deixadas no local onde foram mortas milhares de pessoas.
Inicialmente destinado aos prisioneiros políticos polacos, Auschwitz acabou por se tornar no maior campo de extermínio de judeus europeus.

A BARBÁRIE DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO MANTÉM TODA A SUA FORÇA
É por isso que o livro de Nanette Koning é tão importante.
É por isso que o relato sério dos factos e dos acontecimentos é tão importante. Não é um livro para esconjurar males e fantasmas; não é um livro para amadurecer o perdão. O que se passou foi de uma violência quase inimaginável; foi o produto do pensamento de mentes inteligentes, por acção do que costumamos apresentar como a mais nobre singularidade do seu humano: o neocórtice do cérebro humano. Violência e ódio refinados com a mais elaborada das perversidades e mais vil das desumanidades.
Tal violência, tal ódio mantém-se na nossa natureza evolutiva. Olhe-se para onde se olhe, mais do que nunca, temos provas da sua existência e da sua presença. O que fazer?
Diz Nanette Konig a páginas tantas:
«É incrível como a guerra pode acentuar o melhor e o pior das pessoas - as situações que vivemos e presenciamos, infelizmente, mostraram muito do pior.» (p. 32) «Não havia compaixão, era exactamente essa a intenção: lembrar-nos de que não representávamos nada, não éramos nada e, por isso, não tínhamos direito.» (p. 82-3)
«A 27 de janeiro de 1945, o campo de Auschwitz-Birkenau foi libertado pelo Exército Vermelho soviético, mesmo com resistência por parte dos soldados alemães. Depois de milhões terem sido deportadospara aquele inferno, de serem extreminados nas câmaras de gás, os soviéticos encontraram cerca de oito mil prisioneiros com uma aparência assustadoramente debilitada, em situações deploráveis. Era este o cenário encontrado em todos os campos nazis.» (p. 115-16)
«[Poucos dias antes, Anne Frank fora transferida de Auschwitz para Bergen-Belsen] Será que se Anne Frank e Margot tivessem ficado em Auschwitz e sido libertadas, teriam sobrevivido? [O pai de ambas ficou e sobreviveu] Não há como saber isso; os factos são esses. Um dia a mais numa guerra não é um dia a mais de esperança, é um dia a mais para morrer.» (p. 116)



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